Mesmo em um cenário ainda tão recente, já parece que falar de IA generativa se tornou lugar-comum. Mais parâmetros, mais dados de treinamento, mais benchmarks, mais tokens, mais… sempre mais. Mas agora, Jony Ive e OpenAI estão prestes a mudar a conversa. E dessa vez, não é apenas sobre algoritmos brilhantes, alucinações e raciocínios complexos. É sobre design, hardware e comportamento.
A união entre Jony Ive e OpenAI, liderada por Sam Altman, sinaliza um novo tipo de ambição. Não mais competir por métricas de linguagem, mas por como a inteligência artificial é vivida. E quando o homem que desenhou o iPhone se une à empresa que lançou o ChatGPT, talvez estejamos diante de uma nova era. Uma em que não basta entender o que é IA — é preciso sentir o que ela pode ser.
Do iPhone ao ChatGPT: a história pode se repetir?
Em 2007, quando Steve Jobs subiu ao palco com um aparelho preto e brilhante no bolso, o mundo assistiu ao nascimento de uma revolução. Jony Ive, o cérebro por trás do design, não criou apenas um celular: ele ajudou a redesenhar o comportamento humano.
Quatro anos depois, segundo o Pew Research Center, 35% dos adultos nos EUA já usavam smartphones. E o iPhone não foi só um sucesso de vendas — foi uma mudança de mentalidade. Começamos a usar o bolso como portal, o toque como interface universal, e as notificações como fluxo de vida.
Agora, Jony Ive e OpenAI parecem mirar o mesmo tipo de ruptura. A proposta é desenvolver um novo dispositivo que não apenas abrace a IA generativa — mas que a torne inseparável da rotina cotidiana. Não se trata de um novo GPT, mas de uma nova forma de acessar e viver a inteligência artificial.
Mais do que tecnologia, uma experiência integrada
O que a Jony Ive e OpenAI estão sinalizando vai muito além de uma parceria criativa. É uma tentativa clara de reposicionar a IA no imaginário coletivo. Não como algo que acontece “na nuvem”, em servidores distantes, mas como algo presente, pessoal e sensorial.
O movimento faz eco ao que a Apple fez no passado. Na época, o smartphone não era novidade — já existiam BlackBerry, Palm e Nokia. O que o iPhone mudou foi a forma como as pessoas interagiam com a tecnologia. O toque, os gestos, o minimalismo. Tudo isso redefiniu a noção de acesso, conectividade e até presença social.
Hoje, com Jony Ive e OpenAI, estamos diante de uma possível segunda revolução da interface. Talvez o que venha por aí não seja um novo celular, mas algo que reconfigure a forma como interagimos com a IA — talvez vestível, talvez ambiental, talvez invisível. O que importa é que, mais uma vez, design e função estão prestes a se fundir de forma simbiótica.
Apple fora do centro, OpenAI no comando?
Durante anos, a Apple foi vista como a empresa que ditava o tom da tecnologia de consumo. Mas agora, com a ascensão da IA generativa, esse centro de gravidade começa a se deslocar.
E com a entrada de Jony Ive e OpenAI no jogo do hardware, surge uma pergunta inevitável: será que estamos vendo o nascimento de uma “Apple da IA”? Não em termos de produtos similares, mas em termos de influência cultural, estética e comportamental.
A OpenAI, até então conhecida por seus modelos de linguagem, parece querer dar um salto de categoria: de laboratório de pesquisa para marca com voz, estética e impacto emocional.
Google, Meta, Microsoft… e agora?
Enquanto gigantes como Google e Meta disputam market share com estratégias consolidadas, Jony Ive e OpenAI parecem apostar na ruptura. Segundo o Business Insider, até mesmo Sundar Pichai reagiu à notícia com cautela — compreensivelmente. Afinal, não se trata apenas de tecnologia, mas de narrativa e posicionamento.
E quem dita a narrativa dita o desejo.
Enquanto o mercado olha para LLMs como commodities, Jony Ive e OpenAI enxergam a chance de construir um produto desejável, intuitivo e icônico — algo que as pessoas queiram usar, mostrar e integrar às suas vidas, como fizeram com o iPhone, o AirPods ou o Apple Watch.
A saturação da IA e o valor da diferenciação
Hoje, estamos diante de uma saturação brutal de lançamentos e promessas no universo da IA. Todo dia, um novo app, um novo plugin, uma nova feature. A pergunta que paira no ar é: o que realmente muda?
A resposta pode estar justamente na experiência. Jony Ive e OpenAI sabem que a batalha do próximo ciclo não será por modelos maiores, mas por formas mais elegantes, úteis e emocionantes de interação.
Assim como a Apple usou design para diferenciar-se da Nokia, a OpenAI quer usar essa aliança para sair da bolha de programadores e chegar ao cotidiano do consumidor médio.
Não é sobre inovação técnica. É sobre transformação cultural.
Quando falamos de Jony Ive e OpenAI, não estamos apenas diante de mais um movimento de mercado. Estamos diante de uma declaração simbólica: a de que o futuro da IA precisa ser tão bem desenhado quanto bem treinado.
É uma mudança de eixo. Dos laboratórios para as ruas. Das planilhas para os sentimentos. Dos tokens para os gestos.
E isso muda tudo.
11 razões para prestar atenção em Jony Ive e OpenAI
- Eles podem criar uma nova categoria de dispositivo.
- Podem inaugurar um novo padrão de UX para IA.
- Podem influenciar toda uma geração de produtos concorrentes.
- São capazes de dar à IA um rosto, uma forma, uma presença.
- Têm credibilidade para capturar tanto devs quanto designers.
- Podem atrair investimentos pesados fora do Vale.
- Podem estabelecer novos protocolos de interação.
- Podem inspirar uma nova linguagem visual para tecnologia.
- Têm timing para capturar atenção num mercado saturado.
- Têm histórico de moldar comportamento de consumo.
- Porque, sejamos sinceros, quando Jony Ive e OpenAI se unem, o mercado para e escuta.
E se a próxima “big tech” não for uma empresa — mas uma ideia?
Talvez o mais poderoso dessa união entre Jony Ive e OpenAI seja o simbolismo. A junção de estética e ciência. De forma e função. De linguagem e empatia.
Se essa parceria der certo, ela pode ensinar algo valioso para todas as marcas: que o próximo salto não está em APIs, mas em afetos.
E isso, no fim do dia, é o que molda comportamento. O que muda hábitos. O que cria ícones.
Conclusão: quando a IA vira cultura
Se a Apple nos ensinou que tecnologia pode ser desejada, Jony Ive e OpenAI estão prontos para mostrar que a IA também pode ser vivida com prazer. Que ela pode ter curvas, sons, texturas. Que pode ser tão emocional quanto funcional.
E, acima de tudo, que pode sair da bolha técnica e entrar no cotidiano sem parecer mágica ou ameaça.
O futuro da IA será desenhado. E, pelo visto, será desenhado por quem já moldou o passado.
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