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A F1 aposta na Disney em uma ousada estratégia de engajamento para rejuvenescer sua audiência

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Imagine a Fórmula 1, símbolo de velocidade, engenharia e glamour, se fundindo com o universo lúdico, encantador e infantil da Disney. À primeira vista, parece uma combinação improvável. Mas quando analisamos com calma, entendemos: essa é uma estratégia de engajamento pensada milimetricamente. E ela revela muito sobre o novo momento da F1 — e sobre o futuro das marcas que querem continuar sendo relevantes.

A notícia divulgada pelo Meio & Mensagem mostra que a Fórmula 1, tradicionalmente associada a um público mais maduro e elitizado, busca agora reposicionamento. O objetivo é claro: rejuvenescer a base de fãs, garantir sua longevidade como marca e se manter culturalmente relevante em um cenário em que atenção virou um dos ativos mais escassos.


Quando o asfalto encontra o storytelling

O acordo com a Disney vai muito além de uma parceria promocional. Ele inclui conteúdos exclusivos no Disney+, experiências interativas, uso de personagens como Mickey e Buzz Lightyear em narrativas e materiais oficiais da F1. A mensagem por trás disso é poderosa: a Fórmula 1 quer se tornar um território emocional para uma nova geração.

Mais do que vender ingressos ou produtos licenciados, a F1 quer vender pertencimento. E é aí que entra o poder de uma boa estratégia de engajamento: não se trata de empurrar conteúdo, mas de criar pontes autênticas com os comportamentos, desejos e linguagens de novos públicos.


A referência da LEGO: comportamento acima do produto

Essa movimentação da F1 remete ao que a LEGO fez no início dos anos 2000. A empresa dinamarquesa, então em crise, entendeu que não bastava mais vender bloquinhos coloridos. Era preciso entrar no imaginário das crianças — um imaginário cada vez mais povoado por telas, jogos, franquias e personagens.

Ao criar jogos como LEGO Star Wars e LEGO Batman, e firmar parcerias com marcas que já faziam parte da rotina das crianças, a LEGO se reposicionou. Tornou-se mais que um brinquedo: virou um universo cultural. E fez isso com uma estratégia de engajamento baseada na escuta, na adaptação e na criatividade.

A F1 tenta agora algo similar. A Disney é a ponte para um público que já está ali. Não se trata apenas de inserir a corrida na vida das crianças, mas de transformar a corrida em um enredo possível dentro da vida delas.


Estratégia de engajamento é sobre criar contexto, não campanhas

Essa união entre Fórmula 1 e Disney mostra um ponto essencial que muitas marcas ainda ignoram: engajamento não nasce de ações pontuais, mas de contextos construídos.

Uma verdadeira estratégia de engajamento é aquela que se sustenta no tempo. Que envolve narrativas coerentes, formatos nativos, plataformas certas e uma escuta ativa do público. Nesse caso, trata-se de:

  • usar personagens como facilitadores da mensagem,
  • transformar conteúdo técnico em linguagem acessível,
  • permitir que o público se veja dentro da história.

Do marketing esportivo ao marketing cultural

A Fórmula 1, ao se aproximar da Disney, não está só tentando atrair crianças. Está redefinindo seu papel cultural.

Nos últimos anos, o esporte deixou de ser apenas performance e competição. Ele virou entretenimento, influência e construção de comunidade. As ligas esportivas que entenderam isso primeiro — como a NBA, a NFL ou a própria Premier League — conseguiram expandir sua presença global sem perder autenticidade.

Essa transição exige mais do que presença em redes sociais ou abertura para creators. Exige uma estratégia de engajamento que valorize experiências, provoque participação e construa uma linguagem compartilhada com o público.


Engajamento é o novo equity

Minha visão é que, hoje, o valor de marca se mede menos por awareness e mais por engajamento. Awareness é saber que você existe. Engajamento é querer que você continue existindo.

Nesse sentido, a Fórmula 1 acerta ao perceber que seu legado não é suficiente. Se quiser seguir relevante nos próximos 10 ou 20 anos, precisa formar desde já uma nova geração de apaixonados. E para isso, não basta transmitir corridas em streaming ou manter perfis no TikTok.

É preciso criar universos, envolver personagens, sugerir fantasias. É preciso entender que o fã de amanhã não se conquista apenas com ultrapassagens, mas com histórias que toquem — ou até emocionem.

E esse é o ponto onde estratégia de engajamento e construção de marca se tornam a mesma coisa.


As marcas não vendem mais coisas. Vendem sentidos.

O que vemos com F1 e Disney é um reflexo de algo maior: a substituição da lógica do produto pela lógica do comportamento.

As marcas mais relevantes são aquelas que conseguem ser parte do repertório cultural das pessoas. Isso exige sair da zona de conforto das campanhas e pensar como produtoras de conteúdo, curadoras de experiências e facilitadoras de sentido.

Estratégia de engajamento, nesse contexto, não é tática de marketing. É visão de negócio com base em cultura.


Tradição e inovação: o equilíbrio necessário

Mas há um desafio aqui — e ele não é pequeno. A Fórmula 1 precisa fazer tudo isso sem perder sua alma.

A base tradicional da F1 — entusiastas do automobilismo, torcedores das escuderias, fãs de pilotos lendários — é exigente. Para muitos deles, a entrada da Disney pode parecer um exagero, uma “infantilização da marca”.

Por isso, uma boa estratégia de engajamento não deve excluir o público atual, mas ampliar o repertório da marca. Ela deve ser capaz de manter a essência, ao mesmo tempo em que explora novas linguagens e acessos.


Estratégia de engajamento não é sobre mudar quem você é. É sobre expandir quem você alcança.

Esse princípio precisa guiar todas as marcas que estão olhando para o futuro. Especialmente aquelas com histórico, legado e herança.

Engajar não é se transformar no outro. É criar espaços de intersecção com o outro.

A Fórmula 1 pode ser sobre velocidade e engenharia. A Disney pode ser sobre sonho e fantasia. Mas juntas, elas podem contar histórias que ampliam o significado de ambos os mundos — e que trazem novas audiências para dentro do circuito.


O que líderes de marketing podem aprender com isso?

  1. Engajamento exige consistência. Não adianta lançar uma campanha divertida e depois sumir.
  2. Parcerias culturais são poderosas. Desde que sejam autênticas e bem executadas.
  3. Jovens não se conquistam com publicidade. Se conquistam com presença e experiência.
  4. O futuro das marcas está nos encontros improváveis. E na coragem de provocar conexões inéditas.

Se a sua marca ainda opera com ações pontuais e foco apenas em performance imediata, talvez seja hora de rever sua estratégia de engajamento.


O futuro é de quem constrói relevância antes da necessidade

O movimento da Fórmula 1 não foi reativo. Ele foi estratégico. Em vez de esperar a audiência envelhecer e desaparecer, a marca decidiu plantar agora sementes de conexão emocional com os consumidores do amanhã.

E isso é o que toda marca inteligente deveria estar fazendo.

A estratégia de engajamento da F1 com a Disney é muito mais do que marketing. É reposicionamento cultural com visão de longo prazo.


Conclusão: a corrida é emocional — e começou faz tempo

O engajamento não é só uma métrica. É uma convicção. Uma maneira de pensar o papel das marcas no mundo.

Se a Fórmula 1 entendeu isso, talvez você também deva começar a pensar além do seu produto, além do seu canal, além do seu trimestre.

Porque no fim das contas, o que mantém marcas vivas não é o que elas vendem. É o que elas significam.

E isso só se constrói com uma estratégia de engajamento que saiba unir o passado com o futuro, o real com o simbólico, o dado com o desejo.

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